Tudo começou em uma manhã (bem de manhã mesmo, tão cedo que de início mal entendi ao que se referia) quando ao chegar no Instituto de Pesquisa onde eu fazia o meu doutorado (na época estava no segundo ano do curso) o coordenador veio conversar comigo. Ele dizia que havia uma bolsa de doutorado-sanduíche para desenvolver 1 ano da pesquisa no exterior e se eu tinha interesse em tentar. Eu, que estava meio dormindo (eram 07:30am) acordei na hora, fiquei animada e já me imaginei entrando no avião!
Então, entre várias conversas com meu orientador, muitas burocracias, um corre-corre para entender os documentos necessários para a inscrição, decidimos que sim, eu concorreria à bolsa. Submeti minha inscrição, que (agradeço imensamente) foi bem-sucedida. As etapas de seleção consistiram em análise de currículo (meu e dos professores), prova do TOEFL, desenvolvimento de cronograma e avaliação do laboratório e da Universidade que iriam me hospedar.
Como escolhi o laboratório no exterior e o co-orientador? Iniciei essa pesquisa com base em artigos que eu lia sobre nanopartículas magnéticas. Comecei a avaliar autores bem citados, cientistas que já fossem consolidados na área, que já tivessem muita experiência com estes nanomateriais. Após criar uma lista de nomes, decidi enviar um e-mail para um professor na Universidade da Flórida que me chamou a atenção pelos artigos publicados, infra-estrutura do laboratório e internacionalização da Universidade. Jamais vou me esquecer que no mesmo dia ele me respondeu, e foi super solícito e simpático desde o começo. Então foram vários e-mails trocados, entrevista pelo Skype, ideias para escrever o projeto, uma correria para cumprir todos os prazos e o processo de visto americano.
Morei nos Estados Unidos de setembro de 2018 a agosto de 2019 e foi uma das
melhores experiências, não apenas para mim, mas também para o meu marido (que foi fundamental durante meus momentos de alegrias e de desespero com os experimentos) que teve a oportunidade de fazer aulas de inglês com pessoas do mundo todo, e também para a nossa família, que pode nos visitar e vivermos dias incríveis juntos.
Quanto à pesquisa, ah, foi tudo muito bom! Não poderiam haver laboratório e equipe de pesquisa melhores para eu escolher! Todos sempre estiveram prontamente dispostos a me acolher e ajudar. Aprendi com eles mais do que posso expressar! Mesmo nos dias mais cansativos, de horas intermináveis dentro do laboratório, eu chegava em casa com um sorriso enorme por estar aprendendo técnicas novas e conhecendo equipamentos de última geração! Fiz amizades (mais uma vez) que levo para a vida! Pessoas que já nos visitaram no Brasil, também amigos que ainda não reencontrei mas com quem converso constantemente, que acompanham minhas conquistas e me dão a honra de participar das delas. Foi durante esse intercâmbio que aprendi a estabilizar as nanopartículas magnéticas, encapsulá-las em lipossomas e avaliar o sinal físico em Magnetic Particle Imaging (MPI). Aprimorei o inglês, conheci a Disney, acrescentei a bandeira de mais um país no meu coração e até hoje grito GO GATORS!
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